Ninguém me torceu pepino nenhum quando era pequenino, não só porque não
era preciso, ele já era naturalmente torto (com uma curvatura a fazer lembrar
um livre do Beckham descaído sobre a direita), mas sobretudo porque os meus
pais decidiram manter-me afastado das aulas de catequese leccionadas por padres
sabujos. Bom, seja como for, o que interessa é que ninguém me torceu, nem tocou
no pepino quando era piqueno (eu, não o pepino). Ainda assim, não sei que
raio de adubo ou estrume mental usaram em mim, mas eu descambei um porcalhão. O
pior é que não estou sozinho, longe disso, toda a minha geração o é. Alguma
coisa de muito grave aconteceu, para o pessoal que tal como eu nasceu
na década de 80 tenha distúrbios tão graves que afectam
todas as áreas do seu ser, mas uma particularmente: a sexualidade.
Como é
possível surgir de repente toda uma geração de depravados que, pensa, vê,
cheira, ouve, sente algo de sexual em tudo o que faz? Debrucei-me sobre o
assunto - para terem noção do quão grave é isto, pelo simples facto facto de
terem lido uma derivação do verbo debruçar, a maltinha de 80 já está a
congeminar todo o tipo de raciocínio sexual sobre isto – agarrei o assunto com
as minhas mãos, já que a ciência está muito ocupada a fazer sabe-se lá o quê e
decidi ir ao fundo da questão e investigar as causas de tudo isto.
A verdade
chocante é que, propositadamente ou não, foram-nos deixadas mensagens
subliminares de badalhoquice em coisas supostamente inofensivas que faziam
parte da nossa infância e que depois de maturadas tornaram-nos
estes autómatos libidinosament e programados. Não acreditam?
Eu provo.
Comecemos por
analisar as brincadeiras da altura? Nem preciso de falar do bate pé, esse era
evidente. Não sei quem explicou aquele jogo a crianças e como se propagou de
boca em boca, no sentido literal, mas não se faz. Jogar ao quarto escuro também
deve ter contribuído muito para isto, mas o pior de tudo era a
apanhada. A premissa do jogo já é estranha em si, corríamos uns atrás dos
outros, tentando evitar a todo o custo quem “estava a apanhar”. Fugíamos de
quem tinha sido “apanhado” para que não nos tocasse. Concerteza não sou o único
que vejo com estranheza o facto de as pausas do jogo da apanhada serem feitas
... no coito! No coito, amigos?!? Desde pequenos que ansiamos por ir para o
coito, porque lá é que se está bem. Mais, quem ficasse demasiado tempo no coito
ficava a apanhar.
A meu ver, a
apanhada nada mais era que um simulador humano em tempo real de doenças
sexualmente transmissíveis. mas posso ser só eu que vejo isto desta
maneira. Ainda assim, com isto na nossa educação primária, que esperavam que
nos tornássemos?
E nós
estávamos longe de ser eunucos ou candidatos a isso, graças a um programa,
ainda mais antigo e inocente que tinha sido difundido pela televisão pública,
imagine-se só.
Se já não
fosse suficiente ter a Alexandra Lencastre ainda havia o genérico. Sim, o
genérico. Apesar de não se visualizar mamas desnudas como no anúncio da Fá ou
no genérico das Mulheres de Areia, que eu tanto apreciava, tinha algo muito
mais subversivo, uma letra de música que nem era preciso ouvir de trás para a
frente para revelar a sua mensagem demoníaca. Todos a sabemos de cor, todos a
cantamos, poucos nos apercebemos. Vamos lá então fazer este exercício:
Era errado
amigos, tudo isto era errado, tão errado quanto somos nós todos hoje. Resta-nos
o consolo de saber que a a culpa não é nossa.
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