quinta-feira, 18 de abril de 2013

De pequenino é que se torce o pepino


Ninguém me torceu pepino nenhum quando era pequenino, não só porque não era preciso, ele já era naturalmente torto (com uma curvatura a fazer lembrar um livre do Beckham descaído sobre a direita), mas sobretudo porque os meus pais decidiram manter-me afastado das aulas de catequese leccionadas por padres sabujos. Bom, seja como for, o que interessa é que ninguém me torceu, nem tocou no pepino quando era piqueno (eu, não o pepino). Ainda assim, não sei que raio de adubo ou estrume mental usaram em mim, mas eu descambei um porcalhão. O pior é que não estou sozinho, longe disso, toda a minha geração o é. Alguma coisa de muito grave aconteceu, para o pessoal que tal como eu nasceu na década de 80 tenha distúrbios tão graves que afectam todas as áreas do seu ser, mas uma particularmente: a sexualidade.

Como é possível surgir de repente toda uma geração de depravados que, pensa, vê, cheira, ouve, sente algo de sexual em tudo o que faz? Debrucei-me sobre o assunto - para terem noção do quão grave é isto, pelo simples facto facto de terem lido uma derivação do verbo debruçar, a maltinha de 80 já está a congeminar todo o tipo de raciocínio sexual sobre isto – agarrei o assunto com as minhas mãos, já que a ciência está muito ocupada a fazer sabe-se lá o quê e decidi ir ao fundo da questão e investigar as causas de tudo isto.


A verdade chocante é que, propositadamente ou não, foram-nos deixadas mensagens subliminares de badalhoquice em coisas supostamente inofensivas que faziam parte da nossa infância e que depois de maturadas tornaram-nos estes autómatos libidinosamente programados. Não acreditam? Eu provo.


Comecemos por analisar as brincadeiras da altura? Nem preciso de falar do bate pé, esse era evidente. Não sei quem explicou aquele jogo a crianças e como se propagou de boca em boca, no sentido literal, mas não se faz. Jogar ao quarto escuro também deve ter contribuído muito para isto, mas o pior de tudo era a apanhada. A premissa do jogo já é estranha em si, corríamos uns atrás dos outros, tentando evitar a todo o custo quem “estava a apanhar”. Fugíamos de quem tinha sido “apanhado” para que não nos tocasse. Concerteza não sou o único que vejo com estranheza o facto de as pausas do jogo da apanhada serem feitas ... no coito! No coito, amigos?!? Desde pequenos que ansiamos por ir para o coito, porque lá é que se está bem. Mais, quem ficasse demasiado tempo no coito ficava a apanhar.


A meu ver, a apanhada nada mais era que um simulador humano em tempo real de doenças sexualmente transmissíveis. mas posso ser só eu que vejo isto desta maneira. Ainda assim, com isto na nossa educação primária, que esperavam que nos tornássemos?

Isto fica pior ainda se falarmos de televisão. A Sic entra por nossas casas e fá-lo com doses diárias de Ana Malhoa em calções. Só isto, sem mais, era por si suficiente para pôr um eunuco com desejos buereré marotos.


E nós estávamos longe de ser eunucos ou candidatos a isso, graças a um programa, ainda mais antigo e inocente que tinha sido difundido pela televisão pública, imagine-se só.

Quem não se lembra da Rua Sésamo? Era giro e educacional não era? Pois era, ensinou-nos muita da javardeira que temos agora na mona! Não? Para começar tinha a Alexandra Lencastre como protagonista. Aquela Guiomar, era motivo mais que suficiente para despertar a sexualidade precocemente em qualquer ser vivo. Cientistas fizeram um estudo que comprova que depois de verem vídeos da nossa Alexa seres vivos assexuados procuraram companheiras. Mais tarde, quando ela protagonizou o “na cama com” isso já não me impressionou por aí além. Na minha mente eu e ela já fazíamos trungalhunguice no meio da rua há muito tempo. No meu mundo, o gajo que vivia no lixo não era o único ferrão com que ela lidava na série (por falar nisso, nunca se perguntaram por que passava ele tanto tempo no seu caixote e nunca o víamos da cintura para baixo?).


Se já não fosse suficiente ter a Alexandra Lencastre ainda havia o genérico. Sim, o genérico. Apesar de não se visualizar mamas desnudas como no anúncio da Fá ou no genérico das Mulheres de Areia, que eu tanto apreciava, tinha algo muito mais subversivo, uma letra de música que nem era preciso ouvir de trás para a frente para revelar a sua mensagem demoníaca. Todos a sabemos de cor, todos a cantamos, poucos nos apercebemos. Vamos lá então fazer este exercício:

“Sol nasceu, como está lindo o céu, lá vou eu, vem tu daí também... (silêncio propositado da música e entrada em êxtase) aprender como se vem... até à rua Sésamo”. Aprender como se vem? Aprender como se vem???!!!??? Quer dizer que diariamente as criancinhas daquela geração aprendiam como se vinha? Depois os meus pais admiravam-se de com 12 anos eu fazer maratonas na casa de banho, que tal como a de Boston acabavam comigo todo sujo e com coisas a rebentar-me nas mãos.


Era errado amigos, tudo isto era errado, tão errado quanto somos nós todos hoje. Resta-nos o consolo de saber que a a culpa não é nossa.

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