Há um fenómeno socio-estúpido, já com algum tempo (demasiado), que, ainda que não mate, mói como 30.000 moinhos de vento em época de produção: criaturas que não usam phones para ouvir a sua música nos transportes públicos.
Mas não cedamos já ao facilitismo dos pré-conceitos fáceis. Sejamos razoáveis. Estes gajos são calhaus com olhos.
Esta foi a primeira linha de pensamento. Não ilustra o verdadeiro eu dessas criaturas. Pessoalmente, na minha opinião nuclear e muito individualizada sob a forma da minha pessoa singular, única e intransmissível, até acho possível encontrar algumas explicações para este ritual. Escalpelizemos esta merd(PIP), então.
Isto é, no fundo, a derradeira, ainda que incompreendida, forma de altruísmo e civismo, contribuindo, cumulativamente, para a evolução do Homem enquanto animal social. Senão, vejamos. Qual é o primeiro pensamento que ocorre ao comum dos mortais aquando do testemunho ocular de tal fenómeno: "Animal.". E o social onde está? No instagramo que o nino tirou e postou no Facebook: "Euxinho, nu bóio, cú móvel a funfar buraaaaaka."
É toda uma generosidade para com a comunidade. Ele ouve. Ela ouve. Nós ouvimos. Kuduro, de preferência. Ou uma Kizomba bem esgalhadinha e de fazer chorar até o mais duro dos kingpins da street. Mais recentemente também se começam a ouvir uns Drum and Bassezinhos. Eles estão cada vez menos esquisitos com os estilos. Com o volume é que a ortodoxia se mantém: menos de 100 decibéis é derrota.
O PIP quer lançar um repto a todas as grafonolas com pernas deste país e, porque não, do mundo: Kuduro e Drum é para meninos, para quando uma 5ª Sinfonia de Beethoven, uma Fur Elise, uma Cavalgada das Valquírias de Wagner ou um Nessun Dorma de Puccini?
Agora é que vamos ver quem é que tem túbaros.
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